O milho (Zea mays), planta da família das Poaceas, é um
cereal, cultivado em grande parte do mundo.
Diversas pesquisas indicam que o milho domesticado teria se
originado a partir de uma planta selvagem chamada “Teosinte” (Zea mexicana),
uma gramínea anual originaria do México e Guatemala. A espiga do Teosinte é
muito pequena (medindo uns cinco cm., ou menos), para chegar a algo parecido com a atual
espiga amarela com sementes grandes, foram necessários séculos de seleção.
Foi domesticado inicialmente por povos indígenas na região
central do México em época pré-histórica (antes da civilização Olmeca, que floresceu mais tarde naquela região), provavelmente ao redor de 8.000 anos
AC.
No abrigo Xihuatoxtla (vale do rio Balsas, no sudoeste do México)
foram descobertas ferramentas para polir pedras com resíduos do que devia ser o
primeiro milho domestico. As ferramentas mais antigas foram encontradas em uma
camada de depósitos datada de 6.700
AC .
Registros do cultivo do milho, datados de 5.300 AC , foram
encontrados em sedimentos de pequenas ilhas próximas ao litoral do México, na
região de Tabasco, no golfo do México.
Vestígios arqueológicos de milho foram também encontrados na
caverna Guila Naquitz no Vale de Oaxaca (México) datando cerca de 4.250 AC . Em Tehuacan,
Puebla, foram encontrados vestígios datando cerca de 3.450 AC .
A partir do Mexico, o milho foi se alastrando para o sul (mas também para o
norte, com diferente velocidade), chegando, por volta de 4.000 AC , nas regiões do
norte da América do Sul (Equador, Peru), onde foi ulteriormente domesticado.
Como consequência destas domesticações separadas, existe uma relevante
diferença entre variedades de milho na América Latina.
Vários povos ameríndios entre os quais os Maias, Astecas e
Incas, tinham o milho com um dos mais importantes alimentos de sua dieta e
reverenciavam o cereal na arte e religião. Grande parte de suas atividades
diárias eram ligadas ao seu cultivo.
Os antigos povos ameríndios cultivavam o milho juntamente
com o feijão, que fixava nitrogênio perto das raízes do milho (ajudando em seu
crescimento) e que usava o tronco do milho para se enrolar e crescer.
No sítio arqueológico de Waynuna, no Sul do Peru, foram
encontrados indícios (grânulos de amido) da presença de milho datados de 2.000 AC .
Há registro de que, por volta de 1.000 AC , as populações
pré-incaicas dos Mochica e dos Chimù, no atual Peru, usavam o milho para
produzir uma bebida alcoólica, parecida com a cerveja. Indícios da existência
desta “cerveja de milho” foram encontrados em outras partes da América do sul,
até a atual Argentina.
Era usado como cereal a ser estocado pelos nativos norte-americanos
(culturas dos Navajo, Hopi, Sioux, Creek, Iroquois etc...) e até a região
andina, enquanto os povos das florestas tropicais o utilizavam principalmente
como alimento de consumo imediato, cozido ou assado. Além de ser usado para
produzir bebidas fermentadas, com ele era também feita farinha.
Cristóvão Colombo anotou em seu diário, em 04 de novembro de
1492, enquanto estava em Guanahaní, que havia uma grande extensão de terra
plantada com um tipo de grãos que os indígenas chamavam de “Mahiz”, o qual
tinha bom sabor assado e do qual se produzia uma farinha.
Provavelmente foi o próprio Colombo que levou as primeiras
sementes de Milho para a Europa. No inicio do século XVI o milho já era
cultivado no sul da Espanha, por volta de 1530 em Portugal, França e Itália. Em
1573 o milho era suficientemente popular no sul da Europa para aparecer na
pintura “Verão” de Giuseppe Arcimboldo (parte da obra “as quatro estações”).
Demorou algumas décadas até os agricultores da Europa
entenderem o potencial do milho. No século XVIII o milho (na forma de
“polenta”) virou progressivamente a principal fonte de alimentação do pobres na
região mediterrânea, com efeitos devastadores para a saúde.
Uma dieta baseada somente em milho leva a uma doença fatal
chamada “Pelagra” (uma deficiência nutricional causada pela falta de niacina ou
vitamina B3), doença ainda comum em regiões da África (além de China, Coréia do
Norte e Indonésia)
O milho foi levado para as Filipinas em 1519 por Fernão de
Magalhães, e daí se espalhou pela Ásia. Em 1555 era suficientemente importante
na China para ser mencionado na obra “Historia de Kung-hsien”, região de Henan.
No século XVII o milho tinha transformado a vida rural nas
províncias de Yunnan e Sichuan, virando um cultivo providencial para os
migrantes vindo do superpopulado delta do rio Yangtzé.
Os portugueses introduziram o milho na África subsaariana,
sobretudo para prover estoques de alimentos para os navios do trafico de
escravos. Foi rapidamente adotado na África, pois, comparado com outros grãos,
crescia rapidamente e seu cultivo era simples. Depois de seco era fácil de
armazenar e germinava facilmente muitos anos depois da colheita.
Existem ao redor do mundo algumas centenas de variedades e tipos de milho cultivadas. Desde a década de 1950 os
Estados Unidos desenvolveram sementes de milho hibridas, o que causou um aumento espetacular na
produtividade. Hoje mais de 30% da produção mundial de milho é de variedades transgênicas, sendo que nos EUA 90% da produção é deste tipo e no Brasil mais de 80%.
O milho ainda representa, globalmente, mais de 20% da nutrição humana ao
redor do mundo.
Os Estados Unidos respondem por quase cinquenta por cento da
produção mundial. Outros grandes produtores são a República Popular da China, a
Índia, o Brasil, a França, a Indonésia e a África do Sul. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial.
Na nações industrializadas somente uma pequena parte do
milho é usado para o consumo humano direto. Cerca de dois terços da produção
mundial de milho é usada para alimentação animal. Aproximadamente dez por cento
é usado para produzir adoçantes e amido e cinco por cento para produzir álcool.
Um terço do amido de milho é usado na indústria alimentar, o
resto é usado em inúmera aplicações quais pasta de dentes, colas, indústria
cerâmica e de papel etc... Técnicas recentes conseguiram produzir plásticos a
partir do amido de milho. Além disso, o milho é usado extensivamente para produzir
cervejas e alcoólicos (Whiskey).
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