segunda-feira, 14 de março de 2016

BATATA

Poucos alimentos têm uma história importante como a batata. Trata-se de um túbero da família das Solanáceas, originário dos Andes peruanos e bolivianos onde é cultivada há mais de 8.000 anos. Pesquisas indicam que, neste período, comunidades de caçadores e coletores, na região do Lago Titicaca (3.800 m acima do nível do mar), começaram a domesticar plantas de batata selvagem originárias da região.
A segurança alimentar fornecida pela batata (juntamente com o milho), cultivada em altitudes acima de 3.000 m através do desenvolvimento da irrigação e terraceamento, permitiu o surgimento da civilização Huari no altiplano de Ayacucho, em 500 DC.
Depois de 1200 DC a civilização Huari foi rapidamente substituída pelos Incas que, em menos de cem anos, criaram o maior império das Américas pré-colombianas.
Os Incas aperfeiçoaram as técnicas de cultivo tanto do milho quanto da batata, que continuava sendo um dos pilares de sua segurança alimentar. Existiam armazéns imperiais de batatas e era especialmente difuso um produto de batata "liofilizada" chamado chuño, utilizado para alimentar funcionários, soldados e operários e, como um estoque de emergência, após a perda de colheitas.

A batata foi introduzida na Europa pelos espanhóis, que a tinham conhecido durante a conquista do Império Inca, na primeira metade de 1500.
Durante um bom período a batata foi considerada somente uma curiosidade botânica, mais tarde iniciou a se difundir na Itália, Alemanha, Inglaterra e, com mais dificuldades, na França logo antes da revolução francesa. Alguns governantes, sobretudo na Alemanha, impuseram medidas para a difusão da batata na Europa. Na Irlanda foi fator de sobrevivência da população local durante as muitas lutas contra a Inglaterra. Virou a comida principal de várias populações camponesas do norte da Europa e uma das principais causas da emigração para a América, pois uma doença que afetava este túbero foi fator determinante na carestia que ocorreu em meados do século XIX, obrigando milhares de camponeses irlandeses, alemães, ingleses e holandeses a procurarem melhores condições de sobrevivência no Novo Mundo.
A difusão da batata em outros continentes ocorreu através da colonização e das migrações de europeus, inclusive no Brasil.
Hoje, a batata é cultivada em quase 20 milhões de hectares em todo o mundo. A China é o maior produtor de batatas, e quase um terço de todas as batatas vêm da China e Índia juntas.
A Ásia consome quase metade da oferta mundial de batatas, mas, em função de sua enorme população, isso significa que o consumo é de pouco mais de 25 kg por pessoa. Os Europeus e Norte Americanos são os maiores consumidores de batatas. Na África e America Latina o consumo é menor que na Europa, mas em crescimento. Atualmente a batata é o 4º alimento mais consumido no mundo, após arroz, trigo e milho.

Importante observar que as batatas contém uma toxina denominada solanina. Se trata de um esteróide, glicoalcalóide, que se encontra também em outras plantas (como a berinjela). Os níveis de solanina se elevam em batatas expostas à luz e pode ser detectado pela cor esverdeada ou pela presença de brotos. A solanina se concentra abaixo da casca em proximidade dos brotos e das partes verdes e pode ser detectada também por dar um sabor amargo às batatas.

A solanina é considerada perigosa por ser inibidora da enzima acetilcolinesterase, que é um componente-chave do sistema nervoso e causa desordens gastrointestinais e neurológicas. Os sintomas incluem náusea, diarréia, vômito, dores de estômago, queimação da boca, arritmia do coração, dor de cabeça e vertigem, entre outros.

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